PRIMEIRO CAMPEÃO ESTADUAL GAÚCHO: VICENTE SACCO NETTO RECEBE HOMENAGEM

Por: Henrique König

Em Rio Grande, nos dias 23 e 24 de Julho. O Campeonato Gaúcho de Futebol de Mesa chega à sua 44ª edição. É um campeonato patrocinado e dirigido pela Federação Gaúcha, do atual presidente Luis Lima. Nesta edição especial, eles resolveram homenagear o primeiro campeão, um pelotense. O senhor Vicente Sacco Netto é o personagem destaque da história que recorre décadas, tempos em que a diversão e o entretenimento eram diferentes.

Vicente foi o primeiro campeão estadual, em Canguçu, em 1973. Do primeiro Campeonato Gaúcho pela Regra Brasileira participaram representantes de todo o Rio Grande do Sul, do norte até a fronteira oeste e o extremo sul.

A cidade de Pelotas é tradicionalmente um polo do Futebol de Mesa. Era muito difundido no meio escolar. “Temos na cidade inclusive um campeão brasileiro, o filho do escritor Aldyr Schlee, que também se chama Aldyr. Eles jogavam em casa e também pelas redondezas da região, em Rio Grande e Canguçu. Também temos um campeão brasileiro em Santa Vitória do Palmar, o senhor Plínio”, informou Vicente Netto.

Vicente foi um dos fundadores da modalidade no RS com Adauto Celso Sambaquy, isto quando morava em Caxias do Sul. O colorado Sambaquy, natural de Caxias e atualmente morador de Balneário Camboriú, tem coluna jornalística com grande circulação nacional. “Nós difundimos o esporte no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre houve o departamento de futebol de mesa do SC Internacional. Joguei muito em Caxias do Sul e Rio Grande. Os garotos costumavam fabricar seus próprios botões. Queremos divulgar mais no meio estudantil de hoje. Os jovens estão muito em casa, na frente do computador, do celular, com convívio social praticamente nulo. O futebol de mesa traz integração, respeito e disciplina.”

Tratando-se de futebol, o jogo não é só colocar a bola na rede. Tem estratégia que cada praticante procura encontrar.

“Temos o lado tático. Podemos jogar mais na defesa, num 4-4-2, podendo variar para os ofensivos 4-2-4 ou 4-3-3. O jogador pode preferir atacar mais pelo meio ou pelas laterais da mesa. Há botões adaptados para levantar mais a bola ou menos, para chutes diretos ou lançamentos. Procuramos reproduzir na mesa, uma tábua de compensado inteira, como se fosse futebol de campo mesmo. São dois tempos de 25 minutos para cada lado, com intervalo de 5 minutos. Contamos com arbitragem. A tônica do jogo é o respeito ao adversário”, explicou Vicente.

E quais as lembranças da época, o primeiro Campeonato Gaúcho de Futebol de Mesa?

“Em 1973, eu havia chegado de viagem às vésperas do campeonato. Não esperava ganhar. Fui classificando nas etapas, oitavas, quartas e quando vi estava na final. Como campeão, houve uma solenidade e tive o prazer de jogar com Antônio Martins, um carioca, o campeão brasileiro da época, e consegui vencê-lo em Canguçu. A Prefeitura Municipal de Canguçu me homenageou. Depois de mim, houve outro campeão, o Ad Telesca, também da região, de Canguçu”, mostrando mais uma vez a força e a difusão da modalidade no extremo sul brasileiro.

Mas não só na região pelotense o Futebol de Mesa é tão tradicional. Seu Vicente informa que a Liga Caxiense completou 50 anos. As instituições também são muito fortes no Nordeste. “Muitos botões são fabricados no Nordeste brasileiro, mas agora já fabricam por Pelotas também.” Ele informa que ainda existe uma Associação Pelotense e que o Círculo Operário Pelotense sempre foi uma potência nesse esporte.

Vicente tem consigo nove times completos de botão. “Cheguei a ter 55 troféus, mas uma enchente em Pelotas, por 2009, acabou me levando a maioria. O piso térreo foi prejudicado demais. Mas os times de botão e o troféu do Campeonato Estadual estavam bem guardados”, recorda aliviado.

Ser homenageado pelo Campeonato Gaúcho, que chega à sua 44ª edição oficial, é uma satisfação que evoca o lado mais nostálgico. “Me vem à mente muitas décadas de amizades, de confraternização que fiz através desse esporte. Oportunidade de recordar e reviver momentos muitos importantes na minha vida.”

Um apaixonado por vermelho e preto

“O primeiro time que tive foi o GE Brasil. Como muitos jogavam com o Xavante, troquei pelo Flamengo e depois segui sempre com o São Paulo. Sou torcedor do São Paulo até hoje. Também tenho um time do Milan comigo.” E recordou do jogo de quarta-feira, uma grande partida entre Inter e São Paulo, que terminou empatada em 3×3 no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Sr. Vicente lamentou os desfalques do seu time preferido no âmbito nacional, mas comemorou o grande jogo. E assim deseja as próximas edições do Campeonato Gaúcho de Futebol de Mesa, que sejam com grandes jogos e a renovação de gerações pela causa.

Reprodução: Diário da Manhã de Pelotas